Brasília, 65 anos. Tempo de rever atitudes
Cheguei a Brasília antes da inauguração. Meu pai, funcionário público, foi transferido para o que seria a futura capital do país, com muitos outros colegas de trabalho e de diferentes pastas do governo federal. A cidade em construção, sem pavimentação nem gramado, era uma festa para crianças como eu. Os redemoinhos — lacerdinhas — eram um fenômeno absolutamente novo para quem havia saído do Rio de Janeiro.
A poeira vermelha rodopiando pelo vento forte era um convite. Como não correr para entrar na roda de barro, aos nossos olhos, gigantesca? A gente não resistia. Entrávamos na roda e sorríamos muito ao ver, na face do outro, o barro nos cílios, no cabelo… Uma sujeira ímpar.
O cenário local era pleno de novidades para quem veio de uma cidade urbanizada e com várias opções de lazer. O Cerrado, com árvores que podiam ser escaladas, frutos diferentes, dando a sensação de que estávamos numa selva… Tudo, antes nunca visto, era como um grande parque de diversão.
As obras arquitetônicas de Oscar Niemeyer e o modelo urbanístico traçado por Lucio Costa deram singularidade à nova capital do país. Não à toa, a Unesco honrou a cidade com o título de........
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