Em defesa das Forças Armadas: militares fora da política
Raul Jungmann — Ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública
Uma questão democrática latente no Brasil hoje é a participação dos militares na política, sobretudo após os acontecimentos que culminaram no 8 de janeiro e suas consequências. Estudo anterior a esses episódios, do professor Pedro Kelson, mestre em cultura política e capital social, constatou que, em 11 democracias protagonistas da cena global, candidaturas de militares da ativa são proibidas.
Na França, Alemanha, Bélgica, Espanha, Itália, Portugal, Reino Unido, Estados Unidos, Uruguai, Argentina e Chile, essa é uma restrição comum, algumas, agravadas por mais condicionantes.
O Brasil, como está, permanece não só à margem desse padrão, como indiferente ao próprio histórico político, que recomenda o mesmo caminho desses países. Daí a importância da aprovação da chamada PEC dos Militares, em tramitação no Senado, que veta candidaturas para cargos políticos a militares da ativa.
Em que pese a defesa da democracia pelas nossas Forças Armadas, que resistiram às pressões do presidente anterior e impediram a continuidade e consecução da sublevação — com altivez, senso democrático e obediência à Constituição —, o saldo e novos riscos permanecerão à falta de antídotos eficazes.
A PEC, em síntese, estabelece que militares que pretendam se candidatar a cargos políticos passem automaticamente à reserva. Ou seja, é um caminho sem........
© Correio Braziliense
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