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Sobre o incômodo vínculo da mobilidade com o racismo

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11.05.2025

Paíque Duques Santarém mestre em antropologia, doutor em arquitetura e urbanismo, milita no Movimento Passe Livre e integra o Observatório das Metrópoles

O debate sobre o transporte coletivo no Distrito Federal e Entorno está quente no primeiro semestre do ano. Olhemos quatro fenômenos: a implementação da tarifa zero aos domingos e feriados; a proposta de aumento das tarifas das linhas que ligam as cidades do Entorno ao DF; a privatização da rodoviária; e as recorrentes panes no sistema metroviário. Isso significa que a mobilidade urbana local está em processo de transformações relevante que traz reflexões sobre circulação, segregação e direito à cidade.

Em minha tese de doutorado Mobilidade racista, antirracista e negra: Transportes e relações raciais no Brasil (2024, PPGFAU-UnB), analiso como o nascimento do sistema de transportes brasileiro conserva relações com o sistema colonial escravista e seu desenvolvimento tem relações com o criminoso projeto eugenista, que vê no controle da circulação da população negra uma das ferramentas de purificação racial da sociedade.

Conceituo esse fenômeno como mobilidade racista, que se manifesta de várias formas. A segregação urbana tem caráter racial, prejudicando especialmente territórios de maioria populacional negra, com veículos de menor qualidade, menos linhas e horários. A forma de organização da mobilidade equipara usuários a cargas do........

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