Sarah Raíssa e o custo humano da sociedade da dopamina
Lêda Gonçalves — doutora em psicologia, professora do Programa Stricto Sensu da Universidade Católica de Brasília (UCB); Leandro Freitas — doutor em neurologia e neurociências, professor do Programa Stricto Sensu da UCB
Sarah Raíssa, uma criança de apenas 8 anos, morreu no último dia 13, em Ceilândia, no Distrito Federal, após participar de um "desafio" viral de uma plataforma de vídeos curtos que consistia em inalar desodorante aerossol. Uma tragédia que não é isolada, mas é sintomática de um problema que vai muito além dos limites das redes sociais: a "sociedade da dopamina".
Dopamina é um neurotransmissor associado ao prazer, à recompensa rápida. Cada curtida, cada visualização, cada comentário nas redes sociais libera pequenas doses dessa substância no cérebro, criando um ciclo viciante que nos faz querer sempre mais estímulos. Para adultos, esse circuito já é difícil de controlar. Para crianças e adolescentes, cujo cérebro ainda está em desenvolvimento, torna-se ainda mais desafiador entender e resistir à sedução dessas gratificações imediatas, ficando presas num mecanismo que oferece aprovação rápida, fama instantânea, a ilusão viciante de serem vistas e........
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