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O que o abandono da pauta de diversidade e inclusão nos diz?

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friday

Jaques Paes Especialista em projetos e professor do MBA de ESG e sustentabilidade da FGV

Nem toda narrativa é um fato. Nem todo fato vira narrativa. Enquanto o leão não aprender a escrever, a história do caçador será sempre exaltada, diz o ditado. Amazon, Meta e Alphabet têm acesso e controlam mais dados e informações do que todos os sistemas ditatoriais da nossa história moderna juntos. Essas empresas, com Disney, McDonald's, Walmart, Boeing, entre outras tantas, estão abandonando suas políticas de diversidade e inclusão. Mas por quê?

Uma leitura apressada pode apontar para cortes de custos, tempos de incerteza ou pressões de investidores. No entanto, seria ingênuo parar por aí. A narrativa do abandono dessas pautas carrega um profundo significado simbólico e ideológico. Afinal, por que justamente essas empresas, que moldam tanto a nossa realidade, estão retrocedendo em políticas que, em tese, representam progresso social? Talvez nunca tenha havido um compromisso genuíno com a diversidade, mas apenas um esforço para cumprir expectativas de mercado e mitigar riscos reputacionais. Ou talvez a diversidade tenha sido cooptada e esvaziada de seu potencial e, finalmente, descartada.

A narrativa de Ulisses, arquétipo do herói que venceu todo tipo de adversidade, rompeu as barreiras do tempo e se tornou a base para histórias na cultura moderna. De heróis a comédias, sempre há uma adversidade a ser superada que impacta vidas e destinos, e quase sempre há algo ou alguém a ser salvo, incapaz de salvar-se a........

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