O primeiro duelo de narrativas políticas na era da IA: só o começo
Marcelo Senise — presidente do Instituto Brasileiro para a Regulamentação da Inteligência Artificial (Iria), sociólogo e marqueteiro político
Acabamos de testemunhar o primeiro grande duelo de narrativas políticas inteiramente forjado sob a lógica da inteligência artificial (IA) no Brasil — e o que presenciamos é apenas o prelúdio de uma nova era, muito mais profunda e preocupante, que está apenas começando.
Nas últimas semanas, o confronto entre PT e União Progressista foi amplificado e sofisticado por tecnologias que ultrapassam em muito a criatividade dos marqueteiros do passado. O palco já não é apenas o palanque tradicional ou o horário eleitoral: os algoritmos agora decidem, predizem e fabricam emoções, escolhendo quem sente o quê, quando e de que modo. O que está em jogo não é só a disputa por poder, mas o controle quase invisível dos sentimentos da população - e, consequentemente, de suas reações, votos e percepções.
Nesse embate, como eu vinha vociferando há meses, vimos a aplicação inédita da dupla IA preditiva e IA generativa. De um lado, a IA preditiva observa, pixel a pixel, dado a dado, as mínimas variações no humor do eleitorado, antecipando reações, antecipando a maré das redes. Do outro, a IA generativa cria, em segundos, narrativas........
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