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O cálculo geopolítico da China na crise Israel-Irã

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20.06.2025

ALEXANDRE COELHO, professor de Relações Internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP)

A escalada militar entre Israel e Irã expôs um novo teste geopolítico para a China. O conflito, desencadeado após ataques israelenses a infraestruturas estratégicas iranianas, incluindo instalações nucleares e refinarias, seguido da imediata retaliação de Teerã, colocou Pequim sob os holofotes da diplomacia internacional. Mais do que um choque regional, o episódio reabriu o debate sobre até que ponto a China poderá atuar como mediadora confiável em uma das zonas mais instáveis do mundo.

Pequim reagiu com rapidez e retórica assertiva. Condenou publicamente a ofensiva de Israel, classificando-a como uma violação da soberania iraniana e um fator de desestabilização regional. O chanceler chinês Wang Yi manteve contatos telefônicos com os ministros das Relações Exteriores de Israel e Irã, apelando ao diálogo e oferecendo o que chamou de "papel construtivo" da China na busca por uma solução pacífica.

Embora muitos analistas apontem limitações na capacidade imediata da China como mediadora, há argumentos sólidos que sustentam o contrário. Pequim não carrega o histórico de envolvimento militar direto na região, tampouco tem laços religiosos ou ideológicos que a aproximem de um dos lados. Não é vista por Israel como um inimigo estratégico, nem pelo Irã como um ator hostil. Pelo contrário: a China tem ampliado sua presença comercial e diplomática junto dos dois países ao longo da última década.

No caso iraniano, essa relação é ainda mais profunda. A dependência de Teerã da parceria com Pequim se intensificou........

© Correio Braziliense