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Na maré autoritária, o Brasil nada contra a corrente

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13.09.2025

FLÁVIA PELLEGRINO, cientista política e diretora executiva do Pacto pela Democracia

O dia de ontem não é um fim em si mesmo. É mais um capítulo de um processo inédito de responsabilização e um marco democrático na história do Brasil. Pela primeira vez, aqueles que orquestraram uma ruptura do Estado Democrático de Direito foram devidamente julgados e condenados. O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu o julgamento do núcleo crucial da trama golpista que, entre 2021 e 2023, tentou subverter a Constituição e instaurar um regime autoritário no país. Ao condenar militares de alta patente e lideranças políticas do núcleo central da conspiração, a Corte reafirmou que a lei e a democracia estão acima de qualquer governo, projeto de poder ou liderança política. Foi um gesto inequívoco de resiliência institucional, conduzido dentro das garantias do devido processo legal e da ampla defesa, e que ainda resistiu a pressões vindas do exterior.

Durante décadas, o Brasil trilhou o caminho oposto ao da responsabilização, deixando impunes os que atentaram contra a nossa democracia. Ao final do regime militar, nos anos 1980, a transição pactuada silenciou sobre graves violações de direitos humanos e não puniu aqueles que haviam rompido a ordem constitucional. Essa omissão inaugurou um ciclo perverso em que golpismo e........

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