Liberdade de imprensa, direito do povo
José Sarney — ex-presidente da República, escritor e imortal da Academia Brasileira de Letras
Nossos jornais estão cheios de notícias e fatos que jamais se pensou que seriam publicados. Leio-os e recordo, uma vez mais, o que penso sobre a liberdade de imprensa, como ela foi criada, a que veio e o que ela representa no processo democrático.
No dia em que deixei a Presidência da República, ao me despedir do Comitê de Imprensa do Palácio do Planalto, os jornalistas vieram me cumprimentar dizendo que, durante o meu governo, tinham desfrutado da mais absoluta liberdade de imprensa que o país já tivera. O correspondente do jornal O Estado de São Paulo, sentado em sua cadeira, disse-me: "Presidente Sarney, digo ao senhor, com absoluta tranquilidade, que passei esses cinco anos gozando de total liberdade e que, durante sua presidência, nem censura pessoal, interna, eu sofri. O senhor fará muita falta ao Brasil".
Devo fazer um pequeno relato histórico. A liberdade de imprensa ficou cristalizada depois que os Estados Unidos foram estabelecidos, sob a égide da Constituição de 1787, na Convenção de Filadélfia. Alguns Estados americanos se recusaram a ratificar a Carta Constitucional, argumentando que o documento era curto e sucinto, focado apenas nas ideias fundamentais e, portanto, não protegia alguns direitos, como as liberdades individuais, incluindo a de imprensa.
Thomas Jefferson, durante a elaboração da Constituição, atuava como embaixador em Paris e, portanto, não participara do trabalho, mas correspondia-se com frequência com James Madison, expondo as ideias dos........
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