Juventude negra precisa ocupar espaços de poder
Daniel Loureiro Magnavita da Silva — estudante, diretor estadual de Assistência e Permanência Estudantil da União Estadual dos Estudantes da Bahia (UEES)
As desigualdades sociais do Brasil colocam a classe trabalhadora, principalmente os negros e as negras deste país, em situação de maior vulnerabilidade diante de amarras históricas — desde o período da escravidão e após. Ainda hoje, é negada a cidadania plena a essa parcela que constitui a maior parte da população brasileira. Nós, jovens, negros, latinos, ousamos dizer que, neste século 21, é contraproducente aceitar que ainda haja a não inserção da maioria de um povo nas institucionalidades.
Nas últimas duas eleições — nacional e municipais —, o Brasil contabilizou a obtenção de título de eleitor por milhares de jovens, aumentando significativamente sua presença no quadro eleitoral. Por exemplo, em relação a 2020, a nossa participação foi 78% maior, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No entanto, há uma lacuna em aberto: a falta de estrutura dos partidos políticos para furarmos a bolha e entrarmos nas institucionalidades, enquanto juventude negra brasileira. É nítida a carência de recursos específicos para candidaturas jovens, em especial negros e negras, filhos e filhas da classe trabalhadora, que não contam com a herança do capital político e financeiro de familiares.
Seria coincidência, ou não, que são esses mesmos que não têm a herança eleitoral........
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