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Desafio do desodorante: quando o lucro fala mais alto

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18.04.2025

Maria Mellocoordenadora de Digital do Instituto Alana

Em um intervalo de apenas um mês, duas meninas brasileiras perderam a vida, ao que tudo indica, por conta do chamado desafio do desodorante, que circula livremente nas redes sociais incentivando usuários a inalar o produto pelo máximo de tempo possível. Brenda Sophia Melo de Santana, de 11 anos, e Sarah Raíssa Pereira de Castro, de apenas 8, foram vítimas fatais desse conteúdo viral, com a anuência de uma empresa de tecnologia. E, mais uma vez, diante de episódios trágicos como esses, ressurgem discursos que insistem em direcionar toda a responsabilidade às famílias — justamente aquelas que dedicavam a vida para criar suas crianças e, hoje, estão mergulhadas no luto. "Onde estavam os pais?", "Por que não controlaram o acesso a esses conteúdos?", perguntam, como se o limite do cuidado fosse o portão das casas.

No entanto, um ponto central — e frequentemente negligenciado — é o papel das plataformas digitais, que transformam conteúdos perigosos em acúmulo de visualizações. Trata-se de um sistema sustentado por algoritmos e modelos de negócio que premiam o engajamento a qualquer custo — mesmo quando ele resulta em tragédias. À medida que as plataformas permanecem praticamente inertes frente à urgência do tema, a emergência de repensar o funcionamento dessas plataformas só aumenta. Precisamos de modelos que respeitem os direitos humanos, que........

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