20% é pouco: a paridade de raça e gênero precisa ser pautada
Tainah Pereira — coordenadora política do Mulheres Negras Decidem; Helena Salvador — coordenadora de Mobilização do Pacto pela Democracia
Por que as decisões dos Poderes apontam para um retrocesso mesmo quando há uma janela de oportunidade para mudar a história democrática do Brasil? Por que não tomar as referências que deram certo e aplicá-las no Brasil também?
Essa é a pergunta que nos inquieta diante da possibilidade da Câmara apresentar um novo texto para o Código Eleitoral, proposta que poderia revolucionar a presença de mulheres na política e transformar a democracia. Mas o que se vê é a falta de vontade de mudança, especialmente de quem representa os partidos e conduz essa reforma. Os parlamentares responsáveis defendem, antes de tudo, os interesses partidários, profundamente marcados pela lógica de manter o poder concentrado nas mãos de poucos homens.
No final do mês, está prevista a leitura, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, da proposta de reforma do Código Eleitoral (PLP 112/2021). Uma das mudanças centrais é a substituição da atual exigência de que os partidos apresentem 30% de candidaturas femininas por uma reserva de 20% das cadeiras nos parlamentos para mulheres. À primeira vista, essa alteração pode parecer um avanço — e, em alguns contextos locais, especialmente onde não há nenhuma mulher eleita, pode ter um impacto significativo. No entanto, é preciso........
© Correio Braziliense
