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A tragédia silenciosa na educação na América Latina

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25.01.2025

MÁRCIA FERRI — Gerente de projetos de Políticas Públicas em Alfabetização no Instituto Natura e KARINA STOCOVAZ — Diretora do Instituto Natura na América Latina

A América Latina é uma região marcada por paradoxos. Apesar de ser uma das áreas com maior desigualdade no mundo, conta com uma população expressiva de 657 milhões de habitantes e um PIB de mais de US$ 5 trilhões. Embora tenha avançado no acesso à educação básica, incluindo 95,5% das crianças e jovens nos sistemas educacionais, enfrenta uma tragédia silenciosa: entre as mais de 61 milhões de crianças latino-americanas em sala de aula nos anos iniciais, milhões frequentam sem aprender. Na América Latina, apenas 55,7% das crianças estão alfabetizadas na idade adequada, segundo médias regionais.

Esse fenômeno, conhecido como pobreza de aprendizagem, ocorre quando crianças chegam aos 10 anos de idade sem saber ler adequadamente. De acordo com o Banco Mundial, combater esse problema é tão urgente quanto eliminar a fome ou a pobreza extrema. Entre os países mais populosos da região, os números mostram discrepâncias alarmantes. Por exemplo, o Brasil alfabetiza apenas 56% das crianças no tempo certo, enquanto a Argentina 57%, o Chile 63%, México 71% e Colômbia 46%. O Peru apresenta um índice ainda menor, de 33,5%. Em consequência, mais de 6 milhões de crianças por ano têm seu percurso escolar comprometido. Esse cenário contribui para altas taxas de evasão escolar: 27% na Argentina, 31% no Peru, 38% na Colômbia e 46% dos jovens evadem no México. O que observamos também é que muitos jovens terminam os anos escolares sem saber ler e escrever — na........

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