Como a mídia digital está (também) redefinindo a aprovação de Lula
Arthur Ituassu*
Um debate interessante se estabeleceu no Brasil, com cientistas políticos tentando entender os baixos índices de aprovação do governo Lula. Pelo menos duas pesquisas importantes, Quaest e Datafolha, apresentaram índices de aprovação de 31%, em janeiro, e 24%, em fevereiro. Os números chamam a atenção em um contexto de relativa normalidade, sem uma grande crise política ou econômica, de fato, acontecendo.
A ciência política tem interpretado o fenômeno a partir de uma transformação histórica e como algo "estrutural", não de conjuntura. No passado, o apoio político era, em geral, explicado por questões econômicas, isto é, benefícios sociais e aumento da renda eram imediatamente transformados em altos índices de aprovação. Agora, há as questões pós-materiais ligadas às questões culturais e de identidade. No Brasil, o crescimento do protestantismo teria fortalecido a meritocracia e a responsabilidade individual, mudando a perspectiva sobre bens gerados pelo governo. O que antes era visto com gratidão, agora seria percebido como nada além de uma obrigação.
Do ponto de vista da comunicação política, gostaria de acrescentar outro elemento fundamental nessa equação: a transformação do ambiente midiático. A insatisfação sempre foi parte da democracia, mas sua organização e canalização se transformaram radicalmente com a ascensão da mídia digital. Antes, o jornalismo atuava como mediador da insatisfação,........
© Correio Braziliense
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