A crítica que incomoda
Desde os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando movimentos ultradireitistas invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, em Brasília, temos acompanhado uma curiosa inversão de valores no debate público. Manifestações de violência institucional ganham tratamento de “movimento a ser compreendido”, enquanto críticas políticas, dentro da legalidade, são apresentadas como “ruptura institucional”.
Não faltaram vozes em editoriais, colunas e declarações públicas buscando suavizar o caráter criminoso do 8 de janeiro: chamaram de “manifestação”, pontuaram supostas “causas” tentando responsabilizar a esquerda, minimizaram os atos de destruição do patrimônio público e até sugeriram anistia aos envolvidos. Um ato em 06/04/2025 reuniu milhares na Avenida Paulista clamando pela anistia, com apoio de figuras destacadas da extrema direita (cbn.globo.com) como o ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Esse movimento ocorre em contraste com instituições democráticas, que classificaram o episódio publicamente como terrorismo, golpe e violência política. O STF considerou criminoso o atentado e manifestantes foram condenados por crimes graves de diversas naturezas.
Quando o presidente Lula, eleito com mais de 60 milhões de votos, critica, dentro do espaço institucional, o funcionamento do Congresso, o que se vê é uma reação desproporcional:
A lógica é perversa. A violência física, mesmo terrorista, é relativizada, mas a crítica política, legítima e democrática, é tratada como ruptura do Estado de Direito.
Isso expõe um claro viés. O debate é tolerável até onde não perturbe o equilíbrio de interesses existentes. Quando o presidente aponta a farra das emendas parlamentares, os gastos do Congresso sem qualquer transparência ou controle do Executivo e do Judiciário, os........
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