Trump, Bannon, Olavo e a estratégia do absurdo e do grotesco
De vídeos em que joga esterco em manifestantes a discursos messiânicos, Donald Trump transforma a política em um teatro da brutalidade. Seria loucura ou método? O que explica a complacência de uma elite que aplaude o retorno do grotesco ao centro do poder mundial? Como a a estratégia trumpista chegou ao Brasil?
Não é coincidência que Donald Trump, ao divulgar um vídeo em que surge coroado e despeja fezes sobre manifestantes, siga à risca os ensinamentos de dois mentores da extrema-direita contemporânea: Steve Bannon, seu estrategista nos Estados Unidos, e Olavo de Carvalho, o discípulo brasileiro que moldou a retórica do bolsonarismo. Ambos pregaram a mesma doutrina. Para conquistar o poder, é preciso poluir o espaço público — transformar o debate racional em lama emocional, substituir o argumento pela provocação, e o pensamento pela repulsa.
A tempestade de fezes de Trump é a metáfora perfeita de uma estratégia política global: a política do esgoto.
O artigo de Flavia Perina, publicado em La Stampa na segunda-feira, 20, descreve o novo vídeo de Trump — coroado, pilotando um caça e lançando excrementos sobre manifestantes do movimento “No King”. A cena, de mau gosto, seria apenas uma piada grotesca, não viesse de quem ocupa o cargo mais poderoso do planeta. Ali, o que parece delírio é antes um ato político simbólico e a consagração do poder como espetáculo e humilhação.
Trump não é o primeiro a usar imagens de si mesmo como “rei” ou “messias”. O fascismo italiano, o nazismo alemão e outras ditaduras militares ou civis ao redor do mundo, incluindo, é claro, as latino-americanas, transformaram líderes em ídolos e mitos, e a política em teatro de adoração. A diferença é que, no caso americano, o grotesco foi normalizado pela cultura do entretenimento — a mesma que o elegeu.
A dúvida que atormenta analistas é antiga. Trump é um desequilibrado ou um estrategista genial? A resposta talvez seja ambos. Seu comportamento parece errático, mas opera dentro de uma lógica calculada — a lógica do espetáculo. Cada gesto é uma encenação de poder e ressentimento........





















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