Prémio Laranja Amarga para os "amanhãs que cantam" na política de habitação
O Governo Montenegro II elegeu como prioridades políticas temas de inspiração “chegana” como a segurança, mas com pouca atenção à violência doméstica ou ao narcotráfico nas alfândegas, ou a “imigração descontrolada”, deixando para segundo plano as preocupações reais dos portugueses como a saúde ou a habitação.
Se na saúde o descalabro relativamente às gloriosas metas do Plano de Emergência de 2024 ou aos patéticos anúncios frustrados da famosa entrevista de agosto de Ana Paula Martins são óbvios, parecendo apenas aguardar pelo veredito político de Marcelo Rebelo de Sousa, no caso da habitação, o ritmo das obras torna a avaliação mais complexa.
É certo que o problema se agravou substancialmente nos últimos anos, com a correlação fatal entre o aumento das taxas de juro, com a espiral inflacionista após a invasão da Ucrânia e o impacto doméstico da liberalização dos novos arrendamentos. Tudo isto sobre um pano de fundo de desaparecimento da construção pública, do afluxo às grandes cidades de compradores estrangeiros incentivados pelos vistos gold, pelo estatuto de residente não habitual ou pela atratividade do país-paraíso para nómadas digitais, mais a explosão do turismo com a conversão dos bairros históricos numa Disneylândia para crescidos, em que os indígenas foram afastados pelo alojamento local que domina hoje Alfama ou o Bairro........
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