O poder da indústria da beleza que lucra com o sonho da eterna juventude
Antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é autora de "A Invenção de uma Bela Velhice"
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Quando estive na Alemanha para dar palestras em oito universidades sobre "O Corpo como Capital na Cultura Brasileira", entrevistei dezenas de mulheres de mais de 50 anos. Depois de uma palestra em Berlim, conversei com um grupo de mulheres sobre a extrema valorização da juventude no Brasil. Contei como ficava feliz quando diziam que eu parecia bem mais jovem do que eu era. Na época, com 50 anos, diziam que eu parecia ter 38. Quanto mais mentiam, mais eu gostava.
Uma pesquisadora alemã me perguntou: "Mirian, por que você acha que aparentar ser mais jovem é um elogio? Você não fica feliz de ser uma mulher interessante, bonita e bem-sucedida aos 50? Por que você quer parecer ser menos do que é?"
Foi como um tapa na minha cara, porque constatei que, apesar de pesquisar há décadas os preconceitos e estigmas que cercam o envelhecimento feminino, eu sofria de "velhofobia": do pânico de envelhecer. E também reforçava a lógica da dominação masculina que, como mostrou o sociólogo Pierre Bourdieu, exige que os homens sejam superiores às mulheres: mais velhos, mais altos, mais fortes, mais ricos, mais poderosos etc. Portanto, as mulheres devem ser inferiores aos homens: mais jovens, mais........
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