Gente ou máquina? Por que não precisamos de amizades 'de baixa manutenção'
Recentemente, acompanhei um certo buzz relacionado à expressão "relação de baixa manutenção".
Curiosamente, em minha rede de relações, comecei a testemunhar diálogos a respeito do tempo, da energia e da dedicação que as relações demandam e sobre como supostamente não temos disponibilidade para relações "de alta manutenção", ou seja, que seriam demandantes e dariam "muito trabalho".
Mas o que isso tem a ver com o tempo e a aceleração?
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Uma das coisas que mais gosto de fazer no meu trabalho é analisar expressões e termos que usamos de forma corriqueira, às vezes até inocentemente, mas que contribuem para a reprodução de uma cultura acelerada e adoecedora.
Se dez entre dez pessoas com quem conversamos afirmam que estão exaustas, cansadas e querendo ir um pouco mais devagar, por que será que estas mesmas pessoas se acham o máximo quando estão superocupadas?
Ou reclamam de estarem exaustas, quando estão, na verdade, fazendo um autoelogio? Ou ainda olham torto quando algum colega de trabalho diz que está indo embora pontualmente às 18h ou que vai sair mais cedo para buscar um filho na escola?
A ideia de que relações podem ser de baixa ou alta manutenção está para mim nesta mesma seara: a das expressões que contribuem para a naturalização e a normalização do mundo acelerado. E se a gente usa essas expressões sem entender........
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