Estado brasileiro é o grande patrocinador das desigualdades
Ciclista, vencedor do Prêmio Jabuti Acadêmico, economista pela USP e pesquisador do Insper. Foi visiting scholar nas universidades de Columbia e Stanford
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É fácil se perder nos discursos que pintam o Estado brasileiro como um agente de redistribuição equitativa. Ao menos, ele deveria ser. Porém, quando olhamos com cuidado para sua atuação, percebemos que os números contam uma história menos heroica. Apesar da retórica, o sistema tributário e a alocação dos gastos públicos no Brasil funcionam, em boa medida, como um mecanismo institucional que retira recursos dos pobres e da classe média e os concentra entre os mais ricos.
A primeira distorção aparece na forma como o Estado arrecada. O Brasil é uma das economias que mais taxam o consumo e menos taxam a renda e o patrimônio. Enquanto, em países desenvolvidos, os impostos sobre heranças, grandes fortunas e dividendos cumprem o papel de mitigar a concentração de renda, por aqui o sistema prefere castigar quem consome itens essenciais da cesta básica. Desse modo, os mais desfavorecidos acabam pagando, proporcionalmente, uma fatia maior de sua renda em impostos do que os mais ricos. Ironicamente, são justamente os pobres e a classe média que fazem o maior esforço fiscal.
Se a tributação já é injusta na largada, o lado dos gastos públicos tampouco corrige a........
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