Onde a fome se junta à vontade de jantar
Professor de direito constitucional da USP, é doutor em direito e ciência política e membro do Observatório Pesquisa, Ciência e Liberdade - SBPC
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Começou o mais bonito encontro da conciliação colonial. O "Festival do Arranjinho", nas palavras da mídia portuguesa, apegada à letra e ao antieufemismo.
Onde jabá corporativo e dinheiro público alimentam a corrupção supramagistocrática. Onde a fome por lobby se junta à vontade de jantar. De jantar muitos jantares com empresários, políticos, magistrados e ministros de governo. De entreter conversas anódinas, de risadas amigas e programadas.
Onde presidente da Câmara, o do Senado e o anfitrião devem pedir pacificação: supersalários e subsídios não se discutem; tributação equânime entre ricos e pobres, entre professor de escola pública, policial militar, médico do SUS e CEOs não se discute; cortar recursos da saúde e de políticas de redução da pobreza se discute. Em mais uma vitoriosa conciliação nacional.
Machado de Assis e Lima Barreto não viveram para contar. Mas já conheciam os personagens.
Para o Fórum de Lisboa, além da fome, foram convidadas a cumplicidade e a resignação. Senhoras que não resistem a uma festa indecorosa. Ingenuidade e responsabilidade ficaram de fora. Senhoras inconvenientes, moralistas, mal informadas. De um tempo que já passou.
No programa oficial divulgado, salvo engano da contagem, o primeiro dia tem 165 expositores: 123 homens brancos, 42 mulheres brancas; um homem negro, duas mulheres negras; 154 brasileiros, dez portugueses, um argentino. Nível........
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