Como reconstruir a confiança num relacionamento abalado
Escrita por Carol Tilkian, psicanalista, pesquisadora de relacionamentos e palestrante. Fundadora do podcast e do canal Amores Possíveis e professora da Casa do Saber
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Superar uma crise gerada por quebras de confiança têm sido um dos desafios em que percebo mais casais se destruindo num processo que se propunha ser de reconstrução. Isso porque, muitas vezes, são a dor, o ressentimento, a raiva e a culpa que dão o tom para conversas que mais machucam do que curam. É claro que deve haver espaço para a dor. Existem lutos que precisam ser vividos antes de se esperar que volte a ficar tudo bem. Ou melhor, existem lutos que precisam ser vividos e, nesse processo, é preciso deixar de desejar ou esperar que "volte a ficar tudo bem". Não há volta, há travessia. Enquanto seguirmos fixados na volta —seja da suposta felicidade pré-crise, seja da rememoração dos detalhes da mesma— seguiremos presos à repetição corrosiva que reedita mágoas, memórias e perdas em vez de transformá-las.
Entendo que o primeiro movimento importante é validar as perdas que surgiram como consequência do ato. Toda quebra de confiança, seja ela uma traição sexual, uma mentira ou negligência, racha também o pacto inconsciente de segurança que sustentava o casal. O que se rompe não é só o vínculo, mas também a imagem de quem éramos dentro dele. É o fim de um mundo: o ideal de casal ("éramos diferentes, sólidos"), o ideal do outro amado ("ele jamais faria isso comigo") e também o ideal de eu ("fui escolhido porque sou especial").
É essencial que aquele que quebrou a confiança assuma a responsabilidade pelos seus atos e não tente relativizá-los com explicações que deslocam a culpa para o parceiro ou para a dinâmica do casal. "Aconteceu porque você estava distante" ou "a gente já estava em crise há tempos" são exemplos clássicos a ser evitados. O erro é pessoal e intransferível, e se apropriar dele em vez de tentar se justificar é um gesto importante para construir um espaço emocional seguro, onde o outro tenha liberdade para expressar medo, raiva e tristeza sem ser interrompido, criticado ou........
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