Corruptos: a elite e os crustáceos decápodes
É PCC na Faria Lima, é bebida alcoólica adulterada, é a megafraude da Americanas, é a fraude do Banco Master… São sucessivos os casos de corrupção entre as elites econômicas. Mas por que é a corrupção do Estado que mais se destaca?
A matança da megaoperação no Rio de Janeiro foi um espetáculo para se dizer que o Estado está combatendo o crime, mas o crime dos pequenos serve para acobertar o crime dos grandes.
É como detectou o jornalista Luís Humberto Carrijo: “Se a imprensa corporativa entendeu que a Lava Jato, por conta do apelo midiático que exercia na audiência, com reviravoltas e prisões espetaculares de políticos e empresários graúdos, era um assunto para ser trabalhado em ritmo de seriado dramático, com alguma dose de sensacionalismo, o escândalo da Americanas oferece em tese todos os ingredientes de que a grande mídia precisa para desenvolver um jornalismo investigativo instigante: gente importante, grandes somas de dinheiro, ‘inside information’, mistério, provavelmente intrigas, ameaças e corrupção nas altas esferas do poder econômico, além de indicar se tratar de um crime perfeito.
Mas ao contrário, o que vemos é uma cobertura burocrática, asséptica e previsível como são as notícias da temporada de compras Black Friday. O que mudou? Os atores. Enquanto na Lava Jato os protagonistas eram as lideranças do PT, pelas quais a imprensa nutre antipatia, no caso da Americanas são os homens mais ricos do país, incensados cansativamente pelo ‘jornalismo independente e profissional’. A troca de personagens faz uma grande diferença”.[1]
No Brasil, há um crustáceo decápode, semelhante ao camarão, chamado de corruptos. “Os corruptos são chamados assim porque, numa analogia aos que praticam a corrupção tal como nós a conhecemos, os crustáceos vivem enterrados na areia, estão presentes em grande quantidade nas praias brasileiras, quase não aparecem e são difíceis de capturar”.[2] Parece o caso das elites corruptas brasileiras, enfurnadas em suas mansões em ilhas particulares, mantidas com dinheiro ilícito.
As elites, no Brasil, não acham que o problema da desigualdade social tem a ver com elas e “atribuem ao Estado o dever de combater a abissal desigualdade entre ricos e pobres”.[3] Mas querem manter seus privilégios tributários estabelecendo conexões com o próprio Estado para isso. Usa-se inclusive de lobby - prática ilegal no Brasil - para atingirem seus objetivos.
Mas a ideologia é a de que o Estado é corrupto. E a ilusão é de que o Estado representa a vontade geral. A verdade, como disse Marx e Engels, “o Estado, pois, é a forma pela qual os indivíduos de uma classe dominante fazem valer seus interesses........





















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