Conselho Popular dos Brics: os cães ladram, mas a caravana passa!
A "legacy media", ou mídia corporativa, aqui e lá fora, vem subindo o tom contra a política externa do governo Lula, considerada muito "radical" à esquerda, anti-ocidental e alinhada a países considerados "inimigos" dos Estados Unidos.
A revista britânica The Economist, em reportagem de 30 de junho de 2025, classificou o presidente Lula como "incoerente no exterior" e afirmou que o Brasil "parece cada vez mais hostil ao Ocidente" devido à participação em "um BRICS dominado pelas agendas de China e Rússia". A reportagem recebeu ampla repercussão em nossos principais meios de comunicação, que pareceram aprovar a crítica ao governo petista.
Essas críticas da mídia tradicional e da direita brasileira tentam transformar uma política externa soberana, independente, "não alinhada", num problema para o governo. É a velha tática imperialista de envenenar a opinião pública dos países com preconceitos e mentiras.
No entanto, os cães ladram, a caravana passa.
Enquanto a mídia tradicional pressiona o governo a se submeter aos caprichos de um ocidente em franca decadência econômica e moral, os movimentos sociais do Brasil e dos países dos BRICS vêm se aproximando para discutir estratégias para acelerar e intensificar as parcerias entre os países do Sul Global.
Nesta sexta-feira, 4 de julho, às vésperas do encontro oficial de chefes de estado dos países membros dos BRICS, o dia amanheceu chuvoso e frio no Rio de Janeiro, mas logo o sol começou a brilhar sobre a Praça Tiradentes, no coração do centro histórico da cidade.
No Teatro Carlos Gomes, situado nas adjacências, realizou-se a Sessão Especial do Conselho Popular dos Brics, um dos eventos paralelos mais interessantes relacionados ao encontro oficial.
A opinião russa
Dr. Victoria Panova, vice-reitora da HSE (Higher School of Economics) e chefe do Conselho de Especialistas BRICS da Federação Russa, enfatizou que existe uma falta real de desejo por parte de algumas potências em estabelecer um diálogo equânime e justo com os BRICS. "A postura de não subordinação é vista como uma ameaça. BRICS não é anti-Ocidente. BRICS é apenas não ocidental. Mas é a favor do diálogo", afirmou.
Panova destacou a longevidade e resistência do agrupamento, lembrando que desde 2009, quando foi realizada a primeira cúpula, já se passaram 17 encontros no mais alto nível, contrariando as previsões constantes de que o bloco seria efêmero. A especialista russa explicou que a razão para essa durabilidade está na cultura dos BRICS de reconhecer que são muito diferentes, mas isso não os impede de ter um diálogo construtivo.
Para Panova, o diferencial dos BRICS está no respeito mútuo e na ausência de hierarquia. "Se é um clube hierárquico como o G7, você se subordina ao país mais forte ou não funciona. Aqui [nos Brics] funciona apenas quando você respeita as limitações e interesses dos outros países e trata todos como iguais."
O contexto do encontro
A reunião do Conselho Popular dos BRICS reuniu cerca de 200 pessoas no Teatro Carlos Gomes nesta sexta-feira, 5 de julho de 2025. O evento congregou movimentos sociais, intelectuais, organizações da sociedade civil e membros de governos........
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