Trump e o negacionismo total: da escravidão ao Pentágono
Nos últimos dias, os Estados Unidos foram surpreendidos por uma sucessão de medidas e discursos que revelam a face mais perigosa do governo Trump: o apagamento da memória histórica e o avanço de um negacionismo oficializado pelo Estado. Primeiro, a Casa Branca determinou a revisão de todos os conteúdos exibidos em parques nacionais e museus, com a ordem explícita de eliminar referências à escravidão, ao racismo e a episódios que “manchem” a imagem do país. Agora, para espanto geral, o novo chefe do Pentágono, Pete Hegseth, convocou generais e almirantes para um discurso em que repetiu a cartilha do presidente, atacou oficiais dissidentes e anunciou mudanças ideológicas nas Forças Armadas.
Trump não quer apenas governar os Estados Unidos (EUA): ele tenta reescrever a história e moldar a memória coletiva de um povo à sua imagem e semelhança. Ao ordenar a remoção de placas, fotos e exibições que lembram a escravidão nos parques nacionais, ao obrigar o Smithsonian e outros museus a eliminar leituras incômodas do passado e ao restaurar monumentos confederados já retirados, Trump inaugura uma nova etapa do revisionismo histórico norte-americano. A escravidão, o racismo, o genocídio indígena e outras marcas da formação dos EUA são varridas para debaixo do tapete, como se o silêncio fosse capaz de apagar cicatrizes.
Esse movimento não é isolado. Ele se conecta a uma lógica política mais ampla: o negacionismo como ferramenta de poder. O mesmo impulso que retira uma placa que lembrava a........
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