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O delírio antinacional de Flávio Bolsonaro

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Há gestos que ultrapassam o limite da insensatez e atingem o coração da soberania nacional. A sugestão de Flávio Bolsonaro para que o governo dos Estados Unidos ataque embarcações na Baía de Guanabara, feita em inglês e dirigida diretamente ao secretário de Defesa de Donald Trump, é um desses gestos. Não se trata de uma piada, nem de um “comentário mal interpretado”: trata-se de um ato político explícito, um convite à intervenção estrangeira no território brasileiro e, portanto, uma traição aos princípios mais elementares da soberania.

O El País relatou com espanto o episódio: o “filho 01” do ex-presidente escreveu que havia “barcos como aqueles que os EUA atacaram no Pacífico” navegando no Rio de Janeiro, “inundando o Brasil com drogas”, e perguntou se “não gostariam de passar uns meses aqui nos ajudando a combater essas organizações terroristas”. Uma frase de aparência informal, mas carregada de simbolismo: um senador da República solicitando o uso da força militar norte-americana dentro de águas brasileiras. É impossível imaginar algo mais humilhante para a dignidade nacional.

A Baía de Guanabara, que acolheu a chegada da família real portuguesa em março de 1808 — após a primeira parada na Bahia —, transformou-se desde então no grande símbolo da presença do Estado brasileiro. Foi ali que o Rio de Janeiro se tornou capital do Império, depois capital da República e palco de alguns dos mais importantes episódios da nossa história política e militar.

É essa mesma baía, carregada de memória e de significado, que o “filho 01” agora evoca para convidar tropas estrangeiras. Um gesto de........

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