Carta para um Artista Brasileiro
Chico, começo pelo início. Te conhecer foi presente de vó. Eu e a LIli, mãe da minha mãe, vimos juntos no sofá de casa, lá em Vila Isabel, a final do Festival de Música Popular Brasileira. O ano era 1966. No palco, você e Jair Rodrigues.
Ele, esfuziante, com Disparada. Você, mais na sua, com A banda. Que disputa!
Eu com 5 anos e minha vó perto dos 60. A gente torceu por ti. A Banda lindíssima, mas Disparada era envolvente demais e com aquela simpatia do Jair, então. Como definiu um engravatado comentarista era “um estouro”.
O público vibrou, os jurados também e no final, empate.
Quarenta anos depois, uma amiga, que viu tudo ao vivo naquele teatro lotado da rua da Consolação, me contou que no meio da cantoria surgiu um trocadilho. Deu Disparada, gritava um lado da plateia. Nada disso, foi Bandarada, respondia o outro e assim todos saíram vencedores.
Minha avó Lili, que adorava ver a vida da janela, que nem a moça da música, me ensinou a cantar A Banda inteirinha. Ela se encantava com teus olhos verdes e esse verso: A rosa triste que vivia fechada se abriu.
Vieram anos de estupidez e truculência. A........
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