“Se Roma paga a traidores, obviamente demito-me”
Filiei-me no PSD do dia em que fiz 18 anos. Já era militante da JSD, onde entrei como simpatizante aos 14, faz agora 41 anos. Filho de militantes sociais-democratas no Alentejo profundo, vivi desde cedo o ambiente tóxico do pós-25 de Abril: por um lado, a intolerância autoritária do PCP local; por outro, os resquícios da direita saudosista que continuava a achar que a liberdade de uns era o caos de outros. No meio, entre essas duas sombras, nasceu o PSD — um partido de liberdade, justiça social e progresso. Um partido ao qual se podia aderir com orgulho e em nome de uma ideia. Foi essa ideia que me guiou durante décadas. Hoje, é essa mesma ideia que me leva a sair.
Durante a juventude participei em congressos, li muito sobre política, e envolvi-me. Mas já na universidade afastei-me da política, à medida que o PSD começava a ser capturado por estruturas de poder interno baseadas não em princípios, mas em lealdades pessoais e caciquismos. O primeiro nome que me ficou atravessado foi o de Miguel Relvas (mais tarde “ex-Dr. Relvas”), figura precursora de um novo tipo de dirigente partidário: o gestor de carreiras alheias, mestre das listas e dos bastidores.........
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