Macron e a Europa à beira do abismo
Confesso que sempre gostei de Macron e da vontade de mudança política que ele representa. França é um país esclerosado com fortíssimas forças de bloqueio que impedem as reformas necessárias para garantir que o país permanece relevante na cena internacional. Um exemplo claro do atavismo de muitas forças políticas em França é a proposta da Nova Frente Popular, que se uniu para disputar as eleições legislativas de 30 de Junho e 7 de Julho, para descer a idade da reforma para os 60 anos. Em 2024, com a pressão demográfica que se faz sentir e o aumento da esperança de vida, uma medida desta natureza revela um mundo mental que já não existe. A Esquerda Francesa não habita o mundo real. De outra maneira, não faria propostas populistas desta natureza.
Apesar da vontade de mudança que Macron trazia desde o início do seu mandato, era mais ou menos evidente que a sua passagem pelo Eliseu dificilmente acabaria bem. Em primeiro lugar, Macron conseguiu fazer-se eleger presidente sobre os escombros do sistema partidário que alicerçava a V República. À excepção do partido de Marine Le Pen, nenhum dos partidos clássicos que estruturaram a política Francesa ao longo dos últimos 60 anos sobrevivem com força suficiente para gerar uma alternativa política ao actual presidente. Apesar da má fama que têm, os partidos políticos são fundamentais enquanto mecanismos de formação de elites, organização do espaço político e capacidade de mobilização dos cidadãos. Só existe........
© Observador
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