A fragilidade do nosso quotidiano
Ainda não se sabe exatamente o que causou o apagão da passada segunda-feira. O mais provável é que a explicação cabal ainda demore algum tempo. Mas o facto de terem bastado meros segundos de quebra de tensão para que a Península Ibérica ficasse às escuras, ainda que de dia, mostra apenas uma coisa: a enorme fragilidade das redes. Logo, da nossa vida em sociedade. Num instante milhões de pessoas ficaram impossibilitadas de prosseguir o seu dia a dia. Metros e comboios pararam. Passageiros que se preparavam para embarcar em aviões ficaram em terra. Nos hospitais foram canceladas cirurgias, consultas e atendimentos, enquanto se ligavam geradores de capacidade limitada e, provavelmente, sem o combustível necessário para aguentar mais do que um par de horas sem eletricidade. Nas ruas os semáforos pararam, o trânsito ficou caótico com os muitos milhares que, sem poderem trabalhar, regressaram a casa. Com o passar das horas as antenas de telecomunicações deixaram também de funcionar temporariamente, fosse pela poupança ou pela falta de energia. Os mercados financeiros pararam, tal como as transações ou o simples levantamento de dinheiro em numerário.
Com o início da guerra na Ucrânia falámos muito na segurança energética. Mas as discussões centraram-se sobretudo na produção e no abastecimento de........
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