Tenham vergonha, olhem a pobreza de frente
Ò Portugal se fosses só três sílabas
de plástico, que era mais barato!
Do poema Portugal de Alexandre O’ Neill
Há não muito tempo, junto a uma caixa de um supermercado, uma senhora de meia idade retirou do saco de plástico parco de compras quatro iogurtes e uma pequena embalagem de detergente para a loiça. “Pode anular estas compras? Estamos no final do mês e o dinheiro não chega para tudo”, justificou, visivelmente envergonhada. A fatura pouco ultrapassavam os 15 euros. Um homem, atrás dela na fila, disse de imediato: “deixe estar, minha senhora, eu pago.” “Não vale a pena”, replicou a embaraçada cliente. O homem insistiu e pagou a totalidade da compra. “Obrigado, obrigado, a vida está muito difícil”, agradeceu a cliente.
Esta envergonhada cidadã é seguramente uma das pelo menos 1,7 milhões de pessoas pobres ou e risco de pobreza em Portugal que têm um rendimento mensal líquido inferior a 632 euros, segundo o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, que o Instituto Nacional de Estatística revelou no ano passado.........
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