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O dilema de Putin

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03.08.2025

Ao analisar o processo pelo qual a guerra Rússia-Ucrânia irá terminar, o fator mais crítico, como já defendi anteriormente, é que, ao não derrotar a Ucrânia, a Rússia já perdeu a guerra. O principal interesse do Presidente russo Vladimir Putin era criar e controlar um tampão entre a Rússia e a Polónia, no limite oriental da NATO. Para além disso, queria recuperar o estatuto da Rússia como grande potência, que tinha detido desde o fim da Segunda Guerra Mundial até ao colapso da União Soviética. Quando perdeu este estatuto, perdeu o seu domínio sobre a Europa de Leste e a metade oriental da Alemanha. Perdeu também o comando incontestado do Sul do Cáucaso e da Ásia Central, deixou de ser mais poderoso do que a China e renunciou a grande parte da sua influência no Médio Oriente. O seu poder no Terceiro Mundo também definhou, perdendo o seu lugar para a China – agora o único verdadeiro rival dos Estados Unidos.

Para a Rússia, a perda de importância militar foi acompanhada pela incapacidade de se tornar uma grande potência económica. Sob os czares e os comunistas, a Rússia sempre foi fraca economicamente. Embora possuísse terras vastas e valiosas, bem como uma população razoavelmente instruída, a Rússia continuou a ser aquilo a que se pode chamar, muito gentilmente, uma economia de fraco desempenho.

O declínio da Rússia começou e terminou muito antes de Putin se tornar presidente, é claro. A sua ascensão ao poder dependeu do setor privado – os oligarcas que, na sequência do colapso da União Soviética, consolidaram uma parte substancial da economia e se integraram no sistema económico global. Os oligarcas foram a força significativa que fez de Putin presidente, e a economia russa já se tinha desenvolvido muito bem, tendo em conta o ponto de partida.

Putin defendia uma visão tradicional russa sobre uma grande prioridade nacional: proteger a Rússia de invasões e intrusões do exterior. Do ponto de vista de Putin, a única forma de o........

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