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O Matuto e o João sem Braço

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12.08.2025

Vez por outra o Matuto fica assarapantado. Neste país tropical que tão generosamente recebeu o Matuto no seu seio, cada dobra do caminho serve um espanto fresquinho. Uma das coisas mais curiosas, por aqui, são as expressões populares que saltitam de boca em boca. Cada um entra nesse linguajar por sua conta e risco. Os conterrâneos do Matuto ficariam de cara à banda ao ouvir ditos da roça, como, “quebrar o galho”; “ficar de bobeira”; “pagar mico”; “pagar o pato”; “pagar pau”; “dar um rolé”; “deu zebra”; “estar na pindaíba”; “pisar na bola”; “enfiar o pé na jaca”… Adiante! Uma expressão que o Matuto acha muito intrigante é: “dar uma de João sem Braço”.

O Matuto sabe de fonte segura que antigamente, os pedintes amarravam um braço sob a roupa, fingindo mutilação de guerra para obter esmola. O embuste tornou-se sinónimo de quem foge às responsabilidades ou se faz de desentendido, e a expressão passou também a designar pessoas preguiçosas, dissimuladas, esconsas, esquivas, embuçadas… No tempo em que o Matuto estava na activa, dizia-se “dar uma de desentendido”. O Matutinho dizia muitas vezes à Vó Guida, com o ar ausente, de quem não está nem aí para a coisa: “que........

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