O Matuto e a Maledicência
O Matuto gosta de viver no Brasil. Este país que tão generosamente acolheu o Matuto no seu seio, é maravilhoso. O Matuto diz isto sem que o seu sentido crítico se sinta atrofiado. A verdade é que o capitalismo impõe regras que fazem tábua rasa de tradições e costumes. É a célebre globalização. O Matuto sente-se um cidadão do mundo. E, quando bate a melancolia, é possível ouvir o Matuto a citar, entredentes, o poeta John Donne; “a morte de qualquer homem diminui-me porque estou envolvido com a humanidade”.
Dito isto, há coisas que o Matuto considera património do torrão Luso, à beira mar plantado. Sobre essas coisas o Matuto não tece considerações de índole filosófico. Apenas fica nas observações sensoriais. Digamos, empíricas. Isso! Bom, mas dizia o Matuto que há coisas que são ‘preciosidades Lusitanas’. A paciência é uma delas. O Português típico sabe que Portugal já foi grande e hoje atravessa uma fase ‘rame-rame’. É a fase da mesmice. Uma lenga-lenga; uma ladainha; uma chorumela. Os períodos do ‘rame-rame’ são um marasmo e quase sempre patéticos. O Portuga – que é o “Português elevado à sua máxima impotência”, segundo o Miguel........
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