A lição italiana
No primeiro ato de “Rigoletto”, a corte diverte-se com leviandade enquanto o bobo, convencido de que domina a cena, não percebe que o feitiço já começou a virar-se contra si. Há qualquer coisa de profundamente italiano nessa fusão entre tragédia e farsa, nessa capacidade de transformar o colapso em melodrama e o melodrama em reinvenção. Durante décadas, a Europa olhou para Itália como o Rigoletto da união monetária: barulhenta, indisciplinada, sentimental, sempre à beira do desastre. De repente, é o próprio “Financial Times” que vem dizer ao público europeu: olhem para Itália, aprendam com Itália. Não deixa de ser irónico que seja precisamente o antigo elo fraco a ser apresentado como nova medida de virtude.
Convém separar o ruído da música. O artigo que proclama que “a Europa deve aprender com Itália” não é propaganda governamental; é o reflexo de uma evidência incómoda para muitas capitais: os mercados deixaram de tratar Roma como paciente em coma. O índice FTSE MIB acumulou ganhos robustos num ciclo em que outras praças europeias patinaram. O custo de financiamento italiano estreitou em relação ao núcleo duro, houve momentos em que a dívida de Roma foi considerada menos arriscada do que a de Paris, e a narrativa dominante já não é a do calote iminente, mas a da disciplina orçamental possível. A mensagem política, lida de Lisboa a Varsóvia, é simples: quem oferece estabilidade e seriedade orçamental é recompensado.
Giorgia Meloni entendeu melhor do que muitos dos seus colegas europeus a gramática deste tempo. Ao chegar ao poder, não rasgou a pertença ao euro, não desafiou frontalmente o Banco Central Europeu, não encenou guerras permanentes com Bruxelas. Fez o oposto do que se esperava de uma líder rotulada como “pós fascista”, como populista, como uma........





















Toi Staff
Gideon Levy
Tarik Cyril Amar
Sabine Sterk
Stefano Lusa
Mort Laitner
Ellen Ginsberg Simon
Gilles Touboul
Mark Travers Ph.d