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Bibliotecas Submersas

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Há dias em que sonho com bibliotecas submersas. Imagino-as nas cidades antigas, onde as águas cresceram devagar, primeiro nas praças, depois nos degraus, até se instalarem dentro das salas silenciosas. As estantes, rendidas, deixaram que o mar lhes tocasse a espinha. E, no entanto, acredito que os livros continuam a respirar lá em baixo, que cada página ainda liberta pequenas bolhas de ar.

Penso nisso sempre que o planeta parece suspenso entre dois tempos: o que foi e o que ainda tenta ser. O mundo tem agora o ritmo de uma biblioteca noturna, igual à de Alberto Manguel, um espaço onde o conhecimento e o esquecimento se confundem. Às vezes, sinto que vivemos no andar inferior dessa casa e que os livros que sobram são ecos do que não quisemos ouvir.

Há uma beleza trágica nesta........

© JM Madeira