A Teoria dos Pequenos Poderes: quando a irrelevância se disfarça de autoridade
Algumas pessoas seriam tiranos temíveis, tão cruéis quanto os grandes monstros da história, se apenas tivessem a oportunidade.
Quem nunca foi maltratado por agentes públicos assentados em minúsculos tronos? Nas esquinas das instituições, nas portarias das repartições, nos corredores das empresas e, por vezes, até nas igrejas, já provamos do poder do “pequeno poderoso”: aquele que recebeu uma fração de autoridade, mas age como soberano absoluto de um território que reconhece como seu império.
É a chamada “teoria dos pequenos poderes” – o fenômeno que ocorre quando alguém, ao assumir uma função limitada, passa a exercê-la com ferro e fogo. O balcão, o crachá, a chave de acesso, qualquer símbolo de autoridade, tornam-se tronos de compensação para quem nunca se sentiu ouvido ou valorizado.
Nesses casos, não é o poder que corrompe, é o poder que revela.
O tom de voz imperativo, a necessidade de lembrar constantemente que está no comando, a pressa em corrigir, o prazer em negar e o desconforto em dialogar denunciam o tirano em miniatura. Controlam detalhes irrelevantes como se fossem cláusulas de segurança nacional e transformam a........
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