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Implosão demográfica: a morte do país do futuro

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08.07.2025

Em seu célebre livro, Brasil, um país do futuro, o grande escritor austríaco Stefan Zweig (1881-1942) registrou a sua empolgação com o país no qual viveria os seus últimos anos de vida. Uma passagem relevante afirma:

“(...) Pela primeira vez, comecei a perceber a grandeza inconcebível daquele país que não deveria ser chamado de país e sim de continente, um mundo com espaço para trezentos, quatrocentos, quinhentos milhões de habitantes e uma riqueza incomensurável, da qual nem a milésima parte foi explorada ainda sob o solo farto e intacto... Um país cuja importância para as próximas gerações é inimaginável até fazendo as combinações mais ousadas.”

Em 1941, ano em que a primeira edição do livro foi publicada, o Brasil tinha pouco mais de 42 milhões de habitantes e, mesmo sem um conhecimento mais aprofundado de demografia e economia (os dados a respeito lhe foram fornecidos por seu amigo, o industrial Roberto Simonsen), a sua expectativa de que a população nacional poderia atingir a casa das centenas de milhões não era disparatada, dado o vasto potencial de desenvolvimento do país. 

De fato, ainda em meados da década de 1970, o célebre relatório NSSM-200 do Conselho de Segurança Nacional dos EUA (do qual voltaremos a falar adiante) estimava que haveria 212 milhões de brasileiros na virada do século. Mas este número foi atingido apenas em 2024.

A redução do impulso de crescimento da população está diretamente vinculada à drástica queda da fertilidade feminina, que literalmente desabou nas últimas seis décadas, da média de 6,3 filhos por mulher em idade reprodutiva em 1960, para os atuais 1,6 registrados pelo IBGE no Censo de 2022. Em 2000, o índice ainda era de 2,4, ligeiramente acima da taxa de reposição da população, de 2,1, o........

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