Sempre no poder, sem se perder em querer
Enquanto PP e União gestam a federação que nesta terça-feira (29/4) consolidará o maior partido político do Congresso Nacional, o governo Lula segue administrando crises, com dificuldades para articular interesses entre feudos partidários que, em nome da “governabilidade”, assumiram ministérios. Não que essa dificuldade para a construção da base legislativa deva ser atribuída exclusivamente ao presidente Lula (PT).
Além de ter saído de uma eleição dura típica da era da tecnopolítica, Lula enfrenta o colapso do presidencialismo de coalizão. O enterro desse modelo foi apressado pela crescente autonomia “financeira” dos parlamentares, adquirida a partir de 2015 com as emendas impositivas: iniciadas em princípio com a módica rubrica de R$ 9 bilhões, em contínuo crescendo, alcançaram R$ 53,5 bilhões em 2024. Nos anos Bolsonaro, a voracidade clientelista gestou emendas coletivas impositivas e as “emendas Pix”, destinadas diretamente pelos parlamentares às suas bases. Transparência? Detalhe desnecessário.
Os primeiros escândalos emergindo de investigações dos órgãos de controle e em meio às tentativas do Supremo Tribunal Federal (STF) de dar conhecimento público a esses processos, no combo das emendas, parlamentares destinarão neste ano pré-eleitoral às suas bases R$ 50 bilhões, quantia astronômica, embora um pouco inferior à de 2024.
Ser liderança no parlamento é mais atraente do que tornar-se ordenador de despesas à frente de um ministério: o líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas Fernandes (União-MA), terá influência sobre um orçamento três vezes maior na liderança do que se assumisse o Ministério das Comunicações: levantamento realizado pelo Globo demonstrou que no Legislativo, ele........
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