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Quatro raízes podres no jardim do euro

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01.06.2024

Um momento alto da campanha eleitoral para o PE foi o debate na RTP, gerido competentemente pelo jornalista Carlos Daniel. Ficou patente como, 22 anos depois da entrada em circulação do euro, a maioria esmagadora da nossa elite política, mesmo depois da dolorosa provação da troika, aceita o atual modelo de funcionamento da União Económica e Monetária (UEM), com o seu regime de soberania orçamental tutelada e vigiada, como se fosse uma dádiva do céu. Convido o leitor a decifrar o amnésico recalcamento sobre os equívocos que levaram Portugal a entrar na primeira vaga da UEM, apesar dos seus erros de conceção. Erros que se continuam a traduzir na existência de uma austeridade estrutural, que contribui para impedir melhor qualidade de vida e menor desigualdade.

Aspetos determinantes da nossa soberania económica foram sacrificados com entrada na Zona Euro (ZE). Em particular, prescindiu-se da capacidade de, em emergências, adotar uma desvalorização cambial que permita, no mesmo gesto, tornar mais competitivas as exportações nacionais e desencorajar as importações. Prescindiu-se ainda da capacidade de gerir a taxa de juro e de evitar bancarrotas, na sequência de pânicos nos mercados, através da política monetária. Com a crise do euro e a intervenção da troika percebemos como é dolorosa a alternativa que nos foi imposta de desvalorização interna: diminuir salários, aumentar o desemprego, aumentar a carga fiscal, e cortar despesa pública até se reequilibrarem as contas externas.

Apesar da escassa discussão nacional, nos Anos 90, em torno da UEM e do euro, importa recordar os economistas e juristas que, numa perspetiva de interesse nacional e competência técnica, ultrapassaram as barreiras partidárias, aconselhando prudência, contra o prevalecente europeísmo voluntarista. Saliento, de entre eles, o comunista Joaquim Miranda da Silva, mas também personalidades de orientação mais conservadora como........

© Diário de Notícias


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