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Que tragam as velas

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18.07.2025

Foi há cinco anos, quando o Sars-Cov2 nos lembrou de nossa fragilidade perante um organismo infinitas vezes menor do que um grão de areia. Com os parques fechados, moradores da Octogonal passaram a usar a Quadra 3, jamais construída, como um centro de lazer ao ar livre improvisado. Eu passeava por lá — devidamente mascarada — com meu cachorro, quando ouvi.

Uma pequena família comemorava o aniversário de um menino que não devia ter mais do que 7 anos. Bandeirinhas e balões pregados na árvore, mesa dobrável com bolo e docinhos, "Parabéns" entoado, como toda festinha infantil. Antes do grand finale — o apagar das velas —, alguém falou: "Faça um desejo!". Sem pensar, a criança gritou, com as mãos para o alto: "A vacina de covid".

Esse era o desejo de todos nós, que víamos pela televisão corpos empilhados em hospitais europeus e cadáveres largados em sacos nas ruas de Tegucigalpa, porque não havia gente nem lugar suficiente para enterrar as vítimas da pandemia. Não era exagero midiático: é quase impossível encontrar alguém que não tenha perdido um parente, amigo ou conhecido no ápice da pandemia.

Vacinas salvam vidas, e há centenas, senão milhares, de artigos científicos comprovando, estatisticamente, uma queda expressiva nas hospitalizações e mortes por covid depois que as primeiras doses começaram a ser aplicadas. Porém, a desinformação e a desigualdade no acesso........

© Correio Braziliense