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Quando a cidade tropeça: por que Brasília não precisa de esferas

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27.08.2025

ROGÉRIO CARVALHO, diretor curador dos palácios presidenciais do Brasil, arquiteto restaurador e curador de arte

A retirada das esferas de concreto instaladas no Setor de Diversões Norte é uma medida tecnicamente imprescindível e respaldada pelo compromisso com a preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília e do Plano Piloto, tombados como patrimônio cultural brasileiro e reconhecidos pela Unesco. Brasília, concebida por Lucio Costa, é uma cidade planejada com extrema atenção à monumentalidade, à clareza dos percursos e à integração entre escalas — atributos que são diretamente violados pela introdução das esferas, que fragmentam a circulação, impõem obstáculos físicos e interferem na percepção espacial que caracteriza a cidade.

O projeto original do Plano Piloto não é apenas um conjunto de construções isoladas; ele se configura como um organismo urbano integrado, em que cada via, vazio e edificação possui função, escala e significado. O equilíbrio entre áreas monumentais e gregárias, entre eixos residenciais e áreas de lazer, cria uma leitura espacial única, que distingue Brasília de qualquer outra capital. A inserção de esferas de concreto como barreiras físicas rompe essa........

© Correio Braziliense