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Onde os Correios param, o Brasil desaparece

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Desde a sua fundação, os Correios foram mais do que uma empresa estatal: foram a circulação sanguínea de um país que sempre teve mais território do que presença pública, mais distância do que estrada, mais Brasil do que meios para costurá-lo. Criada em 1969, mas herdeira de funções que remontam ao século XIX, a instituição consolidou-se como a forma mais concreta de o Estado alcançar cada cidade, cada povoado, cada comunidade ribeirinha, cada aldeia indígena. 

A presença capilar — hoje distribuída em mais de dez mil unidades de atendimento — não é um luxo administrativo: é um pacto de unidade nacional. É a prova de que o Estado brasileiro, mesmo quando tarda, chega.

Essa capilaridade, no entanto, precisa ser vista à luz de um mundo que também enfrenta o declínio das cartas, o avanço da digitalização e o rápido crescimento do comércio eletrônico. 

O mito de que apenas o Brasil enfrenta dificuldades em seu serviço postal não resiste a uma busca simples por dados oficiais. 

Os Estados Unidos mantêm sua estatal — a United States Postal Service (USPS) — mesmo tendo registrado um prejuízo de US$ 6,5 bilhões no ano fiscal de 2023, segundo relatório divulgado pela Reuters. E, apesar disso, ninguém cogita privatizá-la. A razão é simples: ela é responsável, entre tantas funções, por assegurar a logística eleitoral de um país de dimensões continentais e de democracia complexa. A USPS é deficitária, sim, mas é estratégica demais para ser entregue ao varejo das conveniências privadas.

O mesmo ocorre na França. A La Poste Groupe, estatal francesa, teve receita de 34,1 bilhões de euros e lucro de 514 milhões de euros em 2023, de acordo com seus relatórios públicos. A França não abre mão de........

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