Feliz Natal: entre a luz ancestral e o caos contemporâneo
Todos os anos, no fim de dezembro, algo retorna - ainda que fantasiado de consumo, ansiedade e obrigação afetiva. Chamamos de Natal - durante anos comemorei chamando-o de Nateu (o Natal ateu, onde a festa é sinônimo de descanso e comida boa). Mas o que se repete ali não é apenas uma data cristã, nem uma festividade comercial: é um ritual humano arcaico, anterior às igrejas, aos impérios e às moralidades que tentaram domesticá-lo.
O Natal sobrevive porque toca um ponto estrutural da experiência humana: o medo da noite longa e a esperança da volta da luz.
Antes de Cristo, antes de Roma, antes mesmo das religiões organizadas, povos do período neolítico já observavam o céu. Percebiam que, no auge do inverno do hemisfério norte, o Sol parecia enfraquecer, os dias encurtavam, a vida rareava. Até que, num determinado momento, o ciclo se invertia: o Sol "parava de morrer" e voltava a crescer. Esse instante - o solstício de inverno - foi vivido como renascimento, vitória simbólica da luz sobre a escuridão, promessa de continuidade da vida.
Esse núcleo ancestral atravessa culturas distintas porque responde a uma angústia comum: a de que a vida possa não voltar ou ainda mais forte, de que ela tenha um fim!
Em Kemet, o Egito antigo, o Sol não era uma metáfora distante, era fundamento ontológico da vida. Ao trazer isso para mais perto de nós,........





















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