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A política do STF

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O Supremo Tribunal Federal não é vilão nem salvador da política. É um ator político central, inserido nas engrenagens do poder institucional. Oscila conforme o contexto, mas nunca fora da lógica de reprodução do Estado. Nos últimos anos, a esquerda alternou repulsa e entusiasmo diante do STF — o que revela mais confusão conceitual do que estratégia política. Esse pêndulo entre a condenação e o aplauso mostra a dificuldade em compreender o papel real que a Corte ocupa.

Durante o mensalão e a Lava Jato, o Supremo Tribunal Federal acompanhou o lavajatismo, chancelou violações de garantias e fez vistas grossas a arbitrariedades. No impeachment de Dilma, sua omissão foi decisiva. Já na reversão da prisão de Lula e na contenção dos golpistas em 2022, passou a ser exaltado como bastião da democracia. Nesse momento, realizou o que o jurista italiano Norberto Bobbio chamaria de aggiornamento: uma atualização estratégica para preservar a ordem institucional frente à crise. Mas é preciso lembrar que a lógica que rege o STF não é a da coerência moral — é a do cálculo institucional marcado por interesses de classe. Em nenhum desses episódios o tribunal atuou fora dos limites do sistema: respondeu a pressões, defendeu sua legitimidade e se moveu dentro do campo de........

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