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O paradoxo eleitoral da mulher negra evangélica

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Uma cena breve, mas poderosa, do documentário Apocalipse nos Trópicos, de Petra Costa, revela um dos dilemas mais profundos da política brasileira contemporânea. Aos 1h19min do filme, disponível na Netflix, vemos uma senhora negra, evangélica, conversando com sua filha. A mãe declara que votará em Jair Bolsonaro por influência da religião, mesmo reconhecendo que Lula tem propostas boas. A filha, jovem demais para votar, diz que preferiria Lula, mas se incomoda com “a proposta dele para os banheiros”. Essa troca rápida encapsula o conflito central das eleições de 2022 — e, possivelmente, das de 2026.

O grupo demográfico que mais votou em Lula foi o de mulheres negras. Já o grupo que mais apoiou Bolsonaro foi o dos evangélicos. E os evangélicos, em sua maioria, são mulheres negras. Esse aparente paradoxo revela uma disputa profunda entre identidades que coexistem, mas que podem ser mobilizadas de formas distintas no momento do voto.

Muito se debate sobre o chamado “voto identitário”. Há quem o critique,........

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