O odioso antirracismo da classe média brasileira
Em uma entrevista recente à Revista Carta Capital, Marilena Chaui, filósofa e professora da Universidade de São Paulo,USP, afirmou que em uma sociedade capitalista, dividida entre dominadores e dominados, a classe média cumpre uma função: mesmo sem identidade, serve de correia de transmissão dos valores das classes dominantes.
Ela, ao mesmo tempo em que possui o sonho de ser burguesia, convive com um pesadelo constante, cair na pobreza. Porém, como confunde capital com dinheiro, cria a ilusão de pertencer a burguesia por meio do consumo de sinais de riqueza, o carro, a casa com seus inúmeros banheiros, as viagens internacionais. "Então, como ela controla o pesadelo e o sonho? Bajulando os dominantes e massacrando, com o seu discurso, com as suas práticas, os dominados". E concluí: a classe média é odiosa.
No presente texto queremos refletir sobre os impactos da apropriação por parte da classe média do discurso antirracista, de como ela rompe com a tradição de lutas negras, por sua natureza, popular, radical e dissidente, e a transforma em instrumento de chantagem por meio do qual garante sua ascênsão e/ou permanência na classe média.
Infelizmente, este não é um fenômeno brasileiro, mas inerente ao hemisfério ocidental, em especial, seu centro: o império. Em entrevista ao canal Índia e a Esquerda Global, o filósofo Cornel West abordou como um discurso antirracista, dissociado da crítica a supremacia branca e ao imperialismo capitalista, tende apenas a arrastar para as grades do sistema, rostos negros, enquanto a massa negra continua presa em um oceano de pobreza.
Isto nada tem haver com a negação da raça e do racismo. Como nos lembra o professor West, a raça foi desclassificada como conceito científico, mas foi legalizada, institucionalizada e permanece organizando nossas vidas.
Quando o movimento negro no Brasil foi reconstruido nos anos 1970, ele não estava sozinho. Sem configurar um movimento, mas práticas de sociabilidade, homens e mulheres negros, professores, funcionários públicos, mobilizaram escolas de samba, clubes recreativos, entre outros, como instrumentos de construção de solidariedades verticais com membros das “elites”, principalmente ativos em períodos eleitorais. Aqui........





















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