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A perenidade antifascista de Luis Fernando Verissimo

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No final de 2012, em Paris, Luis Fernando Verissimo falou pela primeira vez da morte sem zombaria. Foi numa entrevista ao amigo jornalista Fernando Eichenberg, do Globo, quando disse que começava a perceber a morte como uma piada.

Estava falando sério, preocupado com a perspectiva de vir a durar pouco tempo. Havia completado 76 anos, que seria “a idade de morrer mesmo”, e se sentia frágil fisicamente. 

Retornou a Porto Alegre, depois da temporada anual na França, e ficou 24 dias internado em decorrência das complicações de uma gripe. Em 2013, retornou ao hospital com dores no peito.

Foi quando recebi uma missão, que tentei rejeitar, de Claudia Laitano, editora de cultura do jornal Zero Hora. Eu iria fazer o obituário de Verissimo.

E fiz. Duas páginas ficaram prontas, com texto e fotos, à espera da morte do escritor, porque também é assim que se faz jornalismo: com missões que tratam da morte de quem ainda está vivo.

O começo do texto se sustentava na entrevista que ele havia dado a Eichenberg, abordando pela primeira vez o sentimento de que poderia morrer logo.  

Mas Verissimo sobreviveu, para destruir o obituário que eu não queria ver publicado e que deletei dos meus arquivos no jornal meses depois.

No mesmo ano, ele voltou a adoecer, e Claudia Laitano quis saber........

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