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Tony Blair em Gaza e o plano de Trump: paz, tutela ou ambição de Nobel?

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O anúncio de um plano de 20 pontos para encerrar a guerra em Gaza, divulgado por Donald Trump e aceito por Israel, trouxe uma combinação curiosa: a criação de uma “autoridade internacional transitória” para governar o território palestino devastado e a presença de Tony Blair, ex-primeiro-ministro britânico, indicado para desempenhar um papel central na transição em Gaza.”

Não se trata apenas de mais um capítulo das intermináveis tentativas de paz no Oriente Médio. É também uma jogada política carregada de interesses, memórias dolorosas e aspirações de poder global.

De acordo com a proposta, chamada Gaza International Transitional Authority (GITA), Gaza seria administrada provisoriamente por tecnocratas palestinos supervisionados por um “Board of Peace” internacional. Esse conselho coordenaria a reconstrução, a segurança e a governança até que eleições fossem realizadas. Blair aparece como o “tecnocrata” idealizado para supervisionar o processo, com experiência em diplomacia e contatos no Ocidente e no mundo árabe. Mas, no centro de tudo, está Donald Trump — artífice do plano, fiador político e provável candidato a colher os frutos de um eventual sucesso.

Tony Blair governou o Reino Unido entre 1997 e 2007, liderando o Partido Trabalhista em sua fase mais alinhada ao centro político e ao neoliberalismo, conhecida como “New Labour”. Foi um dos líderes mais midiáticos da virada do século e, ao lado de George W. Bush, tornou-se um dos principais defensores da invasão do Iraque em 2003, decisão que lhe rendeu enorme desgaste internacional. Após deixar o cargo, dedicou-se a consultorias privadas, discursos pagos e missões diplomáticas, incluindo a de enviado especial para o Oriente Médio, função que manteve entre 2007 e 2015. Para muitos, é lembrado como político experiente e habilidoso; para outros, como figura controversa, associada às guerras do petróleo e à imposição de agendas ocidentais na região.

Blair: a face da administração

A escolha de Blair portanto não é casual. Ele conhece a linguagem das negociações multilaterais e ainda........

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