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A Riviera de Gaza

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Publicado originalmente no Substack do autor em 26 de julho de 2025

Os israelenses não veem as imagens dos cadáveres esqueléticos de crianças palestinas que eles mataram de fome como uma maldição. Eles não veem as famílias assassinadas a tiros em centros de distribuição de alimentos — concebidos não para entregar ajuda, mas para atrair palestinos famintos a um enorme campo de concentração no sul de Gaza, em preparação para a deportação — como um crime de guerra. Os israelenses não encaram os bombardeios pesados que matam ou ferem dezenas de civis palestinos, onde uma média de 28 crianças morrem diariamente, como algo extraordinário. Eles não veem como bárbaro o deserto de Gaza, pulverizado por bombas e sendo metodicamente demolido por tratores e escavadeiras, deixando praticamente toda a população de Gaza sem teto. Eles não consideram como selvageria a destruição de estações de purificação de água, o extermínio de hospitais e clínicas, onde médicos e equipes médicas muitas vezes não conseguem trabalhar por estarem fracos de desnutrição. Eles não piscam diante dos assassinatos de médicos ou jornalistas, 232 dos quais foram assassinados por tentarem documentar o horror.

Os israelenses se cegaram moral e intelectualmente. Eles veem o genocídio através da lente de uma mídia e classe política falidas que lhes dizem apenas o que querem ouvir e mostram apenas o que querem ver. Estão intoxicados pelo poder das suas armas industriais e pela licença de matar com impunidade. Estão embriagados pela autoexaltação e pela fantasia de que são a vanguarda da civilização. Acreditam que o extermínio de um povo - incluindo crianças - condenados como contaminantes humanos, torna o mundo, especialmente o deles, um lugar mais feliz e seguro.

Eles são os herdeiros de Pol Pot, dos assassinos que realizaram os genocídios em Timor Leste, Ruanda e Bósnia e, sim, dos nazistas. Israel, como todos os estados genocidas — nenhuma população desde a Segunda Guerra Mundial foi despojada e faminta com tamanha velocidade e brutalidade — tem uma solução final que teria recebido o selo de aprovação de Adolf Eichmann.

A fome sempre foi o plano, o capítulo final preordenado do genocídio. Israel se propôs metodicamente desde o início do genocídio a destruir fontes de alimento, bombardeando padarias e bloqueando remessas de alimentos para Gaza, algo que acelerou desde março, quando cortou quase todos os suprimentos de comida. Alvo da destruição foi a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA) — da qual a maioria dos palestinos dependia para se alimentar — acusando seus funcionários, sem fornecer provas, de estarem envolvidos nos ataques de 7 de outubro. Essa acusação foi usada para dar a financiadores como os Estados Unidos, que forneceram 422 milhões de dólares à agência em 2023, a desculpa para suspenderem o apoio financeiro. Israel então baniu a........

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